Dar bronca é mesmo a única solução? infantil, controle aversivo, psicologia, análise do comportamento, adolescentes 04/03/2025

Dar bronca é mesmo a única solução?

Por Pedro Conte

Essa aqui vai bater fundo em quem tem filhos ou precisa cuidar de crianças com alguma frequência. Quando a gente dá uma bronca em uma criança, estamos geralmente tentando fazer com que ela comece a se comportar de alguma forma ou pare de fazer alguma coisa, certo? Por exemplo: a bronca aparece como uma tentativa de fazer com que a pessoa comece a arrumar seus brinquedos ou pare de fazer birra para comer, por exemplo.

Mas será que esse é o único jeito de fazer com que essas coisas aconteçam? Que mais seria possível fazer para que uma criança deixasse de se comportar de um determinado jeito no futuro? Ou, mais do que isso: que a gente pode fazer para que alguém mude de comportamento sem que isso gere ainda mais estresse para ela e para quem está tentando educá-la?
Um dia eu estava batendo um papo com o Catania (não nesse dia aqui, embaixo, mas durante uma leitura do clássico “Aprendizagem”, mesmo, rsrs) e eu estava em uma semana em que as crianças estavam me deixando maluco.



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Na mesma semana, por conta de algumas atividades da UEL que me levaram a ler textos sobre controle aversivo, eu comecei a relacionar as duas coisas. Daí saíram algumas alternativas que eu achei úteis e que vou listar aqui para você:
O que dá para fazer com uma criança antes de sair gritando pela casa, quando uma criança ela estiver te deixando meio maluco:
(qualquer semelhança com a minha realidade é mera coincidência)

Extinção
Os comportamentos são mantidos por suas consequências. Nem sempre é fácil entender, mas se você conseguir identificar o que a criança “está ganhando” ao apresentar aquele comportamento, talvez consiga quebrar a relação entre “apresentar o comportamento” e “conseguir uma determinada coisa”. Se essa relação entre “fazer algo” e “conseguir algo” for desmontada, o “fazer algo” tende a desaparecer com o tempo (mas não sem antes aumentar de frequência ou intensidade temporariamente). Às vezes, deixar de reagir ao que a criança tá fazendo pode ser já uma forma de ajudá-la a se comportar de forma diferente no futuro.

Esperar passar
Essa aqui é de ouro! Pense em um bebê que está, por exemplo, jogando uma colherinha da mesa e que você tenha percebido que ele faz isso porque está interessado no barulhinho que ela faz ao cair. O barulho é detestável para você, mas para ele é uma novidade. Neste caso, é provável que após derrubar o brinquedo algumas vezes, ele perca o interesse (já que não será mais novidade). É possível aguentar mais um pouco?

Propor um comportamento alternativo
Pense de novo na relação jogar algo > ouvir o barulhinho. Talvez a colher faça um barulho muito alto e estridente. Talvez ela seja muito pesada e acabe estragando algo que está no caminho... Mas será que não tem algo que a criança possa jogar e que satisfaça sua curiosidade, mas que não seja tão irritante ou perigoso? E se ela jogar uma bolinha de papel ou um brinquedo?

O que define se a bronca, castigo ou punição deu certo é se comportamento diminuir de frequência no futuro, concorda? O alvo da bronca não é a criança – o que importante é um comportamento específico dela. Essa distinção ajuda bem a diferenciar o que estamos querendo fazer. Durante uma bronca, queremos fazer alguém se sentir mal ou queremos apenas mudar algo?
Raramente o nosso objetivo é fazer com que a pessoa que é alvo de uma reprimenda se sinta mal ou tenha medo, seja ela uma criança ou um colega de trabalho. Se o objetivo for outro, talvez valha a pena considerar uma dessas alternativas.

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